NFTs: Tokens não fungíveis e a mídia

Última atualização: 16 de fevereiro de 2022
Tempo de leitura: 4 min

Em um passado recente (2018), Thomas Friedman, colunista do The New York Times, defendeu que há três acelerações que explicam as mudanças no mundo: as alterações climáticas, a evolução exponencial da capacidade dos computadores e as transmutações das relações entre capital e trabalho. Ele afirmou: “Estamos em um momento em que tecnologia está evoluindo mais rápido do que a capacidade humana e será necessário transformar a Inteligência Artificial (IA) em assistentes virtuais que possam ajudar as pessoas”. E é neste contexto que estão inseridos os NFTs.

Ano passado, o NFT foi escolhido como palavra do ano pelo dicionário britânico Collins. A publicação define NFT como a “abreviação de ‘non-fungible token’ (token não-fungível, em tradução livre), o identificador digital exclusivo que registra a propriedade de um ativo digital que entrou no mercado”. Um NFT é um tipo especial de token criptográfico que representa algo único. Diferentemente das criptomoedas como o Bitcoin e de vários outros tokens utilitários, os NFTs não são mutuamente intercambiáveis, representando algo específico e individual, insubstituível.

Tenho acompanhado milhares de matérias sobre o metaverso, e entre críticas severas e visões entusiastas, acredito na inevitável evolução deste ambiente, não exatamente da forma como vem sendo apresentado, pois ainda me parece uma ideia nova com visões adaptas e limitadas ao nosso momento atual. Inúmeras aplicações serão criadas e desenvolvidas na medida em que os dispositivos forem disponibilizados, e o ecossistema ganhar interoperacionalidade. O metaverso e os NFTs estão umbilicalmente ligados, apesar de caminharem por estradas diferentes.

Hoje, o NFT me parece mais evoluído. Ganhou espaço e importância rapidamente, pois consegue gerar escassez em ambientes de abundância. São usados em vários aplicativos que requerem itens digitais exclusivos, como arte criptográfica, cripto-colecionáveis e jogos criptografados. Projetos como Age of Chains e Rare Pepes têm usado o protocolo da plataforma desde 2016. Posteriormente, jogos populares como o CryptoKitties usaram no blockchain do Ethereum. Podemos destacar o game Axie Infinity, que se utiliza para criar Axies (nomenclatura dada aos personagens) únicos, cada um com uma combinação entre acessórios, habilidades diferentes e aparências distintas, movimentando altas quantias, valorizando 7160% somente em 2021.

Bizarrices dos NFTs

Em muitas outras áreas exemplos não faltam. Quentin Tarantino está determinado vender NFTs de ‘Pulp Fiction’, o que poderia abrir um precedente legal para o direito de propriedade intelectual. O diretor anunciou o leilão de tokens não fungíveis associados ao roteiro original escrito à mão por ele, apesar de haver resistência da produtora e distribuidora de filmes Miramax. A NFTribos, a primeira galeria de arte indígena em NFT, tem o objetivo de lançar um álbum multimídia para levantar recursos às comunidades. As peças comercializadas vão desde artesanatos e pinturas digitalizadas, até música e documentários.

Infelizmente temos episódios bizarros, como o da influenciadora digital Stephanie Matto, que ficou conhecida por sua participação no reality show “90 Dias Para Casar” e, posteriormente por fazer fortuna comercializando seus puns em garrafas. Ela agora vende as flatulências no mercado de NFTs devido a problemas de saúde gerados ao forçar o próprio organismo a soltar gases. Outro caso é o de Ozzy Osbourne, que lançará sua coleção intitulada Cryptobatz, ou seja, uma coleção contendo 9.666 morcegos, com alguns deles oferecendo aos seus compradores um recurso inédito chamado “MutantBatz”, uma ferramenta que fará com que o morceguinho “morda” um outro NFT de sua carteira digital.

Situações como essas, independente de gostos peculiares, descrevem o quanto esse ambiente ainda pode evoluir e amadurecer. OpenSea, um marketplace descentralizado de compra, venda e negociação de NFTs, que se autodenomina o maior mercado de produtos digitais, esteve dominante em 2021, apesar das críticas da comunidade. Diversos concorrentes se apresentam para roubar a liderança nos próximos anos, como o Coinbase, FTX, Rarible, Zora e Magic Eden. Nomes estranhos que devem aparecer na mídia com mais frequência.

Por outro lado, o NFT tornou-se uma tendência também em cibersegurança. Sendo um assunto em destaque, também atrai a atenção de cibercriminosos, os quais passam a roubar obras de artistas, em diversas situações. Falaremos mais sobre isso em breve. Confuso? Um pouco… Mas garanto que novidades em NFTs não faltarão nos próximos anos, pode apostar.

Compartilhe:

Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

Posts relacionados
O Metaverso e o Hábito de...

A Meta, a dona do Facebook, colocou todas suas fichas no metaverso....

Leia mais >
Super Expectativas e o...

Seria o marketing exagerado, consequência das super expectativas? Expectativa...

Leia mais >

Entre em contato

Descubra como a sua empresa pode ser mais analítica.