Super Expectativas e o Marketing Exagerado

Última atualização: 12 de outubro de 2022
Tempo de leitura: 4 min

Seria o marketing exagerado, consequência das super expectativas? Expectativa é o estado ou qualidade de esperar que alguma coisa que seja viável ou provável, aconteça. Do latim exspectare, também é utilizada para designar a condição de alguém que tem esperança em algo que foi baseado em promessas. O sentimento de expectativa só pode existir na ausência da realidade, ou seja, quando o objeto que se motiva ainda não se tornou factível e real. É uma previsão, informação ou condição que sustenta a esperança, caso contrário, não passará de uma ilusão ou utopia. Muitas vezes, o resultado da expectativa é apenas decepção. Super expectativas, super frustrações.


Apesar dos enormes avanços, é essencial entendermos as potencialidade e limitações das tecnologias, para evitarmos discursos fantasiosos, principalmente no marketing, que eventualmente, geram frustrações e desencantos com a própria tecnologia. A racionalidade, e não a emoção, é que faz a tecnologia avançar. Muitos prometem revoluções, quando no máximo o que ocorre são evoluções. A digitalização das empresas, com o uso da inteligência artificial, blockchain, NFTs, tokens, DeFi, DAOs, gêmeos digitais e metaverso, entre tantas outras promessas, realmente mudarão o futuro, mas não na velocidade, e com os benefícios, que alguns querem nos convencer.


A Web3.0 difere da original pela web semântica, permitindo aos humanos e aos computadores se comunicarem, fazendo com que as máquinas traduzam a realidade e aprendam cada vez mais rapidamente. Os algoritmos estão se aprimorando e em breve será difícil distinguir com quem estaremos falando: humanos, máquinas ou entidades híbridas. Mas isso de forma alguma resolverá os problemas de comunicação que temos hoje. Pelo contrário, acredito que em muitos casos, será mais uma variável que deveremos administrar.


Recentemente, os amigos imaginários dos nossos filhos cresceram e se transformaram em influencers. Será cada vez mais fácil rastrear o nosso comportamento. Comprar será uma atividade de videogame. As marcas terão cada vez mais recursos no uso de NFTs como ativos utilizáveis e de recorrente valorização. O comércio e o marketing serão imersivos no metaverso. Como consequência, deveremos controlar os dados que produzimos como nunca fizemos antes, transformando a privacidade em mais um artigo negociável. Mas a regulamentação desacelerará esses movimentos.


Ainda assim, será uma boa evolução. Hoje não sabemos onde estão e o que exatamente fazem com os nossos dados. Montanhas de perfis, de milhões de usuários, são vazados ou hackeados mensalmente. As BigTechs responsáveis pela guarda das nossas informações apresentam desculpas ingênuas e absurdas nessas situações. Regras como da LGPD ainda estão engatinhando e as punições são controversas. É extremamente louvável os investimentos realizados, mas ainda estamos distantes do nível de segurança e maturidade que precisamos.


No mercado emergente e turbulento de criptomoedas, temos mais de US$ 1 trilhão em ativos criptográficos em circulação. Estima-se que 46 milhões de americanos adultos já o possuam, de acordo com o New York Digital Investment Group, e um número crescente de investidores institucionais e corporações estão se interessando por esse ativo alternativo. Porém, uma recente análise da Forbes de 157 exchanges de criptomoedas descobriu-se que 51% do volume diário de negociação de bitcoin relatado é provavelmente falso. Além de virtual, a nova economia também é questionada em sua representatividade econômica.


A impressão de que as pessoas estão sendo substituídas por máquinas se prolifera nos meios de comunicação. Lógico que isso acontece, mas na maioria das vezes é por falta de desenvolvimento humano e não apenas na melhoria da capacidade das máquinas. É verdade que a automação é capaz de substituir tarefas operacionais e repetitivas, mas o trabalho de análise e a capacidade de traçar estratégias de marketing e tomar decisões continuam sob o domínio humano. O real valor está no casamento entre ambos. A comunicação do medo é maior que a inspiração ao aprendizado.


Sim, o mundo muda em grande velocidade e precisamos nos atualizar de maneira profunda. Não devemos acreditar em promessas eufóricas. Precisamos analisar o cenário como um todo. Estudar não é reunir o maior volume de informação possível. É necessário conectar uma diversidade de dados díspares. Engana-se aquele que só bebe a espuma dos livros, ou engole conteúdos mastigados. É evidente que precisamos de ferramentas para lidar com a diversidades das fontes, mas acima de tudo precisamos aprender a aprender. Não são com poucos caracteres, emojis divertidos e dancinhas infantis que as evoluções acontecem. Muito menos as revoluções.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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