Transumanismo na comunicação

Última atualização: 5 de julho de 2021
Tempo de leitura: 4 min

Sempre acreditei que a união entre humanos e máquinas melhoraria o mundo, mesmo sabendo que este pensamento está longe da unanimidade. Apesar do termo inicialmente parecer estranho, o transumanismo é um movimento filosófico intelectual que estuda a transformação das condições humanas utilizando tecnologias emergentes para alcançar novas potencialidades em termos de evolução dos indivíduos. Ou seja, com o aumento das nossas capacidades intelectuais, físicas e psicológicas, poderemos superar limitações fundamentais, conseguindo entre outras coisas, a erradicação do sofrimento causado por doenças e obtenção da imunidade aos efeitos do tempo, como o envelhecimento e a morte. Pensadores transumanistas analisam os potenciais benefícios e perigos das novas tecnologias, bem como a ética no seu uso.

Quando falamos em tecnologias emergentes, vários termos nos vêm à mente, como o IoT (internet das coisas), drones, realidade aumentada e virtual, impressão 3D, blockchain, biohacking, a oblíqua IA (inteligência artificial), entre tantos outros. O professor de economia internacional da Universidade Johns Hopkins, Francis Fukuyama, afirma que o transumanismo detém as ideias mais perigosas do mundo. Segundo Fukuyama, poderemos caminhar para grandes disparidades resultando na escravização das classes inferiores (os não “transumanizados”) até mesmo na extinção da forma que hoje nos define como humanos.

Ele está certo? Em parte, acredito que sim. A seleção natural inevitavelmente modifica todas as espécies. E infelizmente não se trata apenas de estudar uma forma de fazer com que sejamos melhores. Nossa história é rica em transformações e vários eventos mudaram a configuração do mundo que conhecemos hoje, como por exemplo: as viagens de Colombo, a invenção da imprensa, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial, a explosão da bomba atômica, a internet etc. E os acontecimentos atuais não serão diferentes nos impactos do futuro próximo.

Na comunicação encontramos vários exemplos destes processos.  Há tempos falamos na singela diminuição do uso de papeis e, apesar de a digitalização estar crescendo nos negócios, ainda é a realidade de muitos negócios. Segundo a empresa americana Record Nation, em média, funcionários de companhias nos EUA utilizam 10 mil folhas de papel por ano e 70% delas acabam no lixo. Além de as tornarem mais sustentáveis, a transição para uma gestão digital é fundamental para trazer mais agilidade, privacidade e segurança para os dados dos clientes e consumidores.

A disseminação de sistemas de recomendação é outro caso clássico do transumanismo na comunicação. Trata-se de um conjunto de técnicas e algoritmos que selecionam itens tendo como base os dados de interação e interesses das nossas mais diversas conexões em redes e que influem em variados tipos de escolhas que fazemos na hora de comprarmos livros, assistirmos filmes e vídeos, escutarmos música, ou adquirirmos qualquer tipo de produto. Diante da crescente exposição a diferentes tipos de informações, utilizamos a desculpa de ajudar as pessoas a encontrarem aquilo que procuram interferindo em suas decisões.

O senso de urgência e a obsessão pelo ganho de tempo fez surgir o “TalkFaster”. Um aplicativo capaz de acelerar a reprodução de áudios, ideal para quem recebe mensagens de voz longas. Ao ser ativada, a velocidade de reprodução pode ser aumentada em até duas vezes, ou seja, é possível ouvir o áudio em metade do tempo. Além disso, também tem uma função para pular os momentos de silêncio no arquivo. Não por acaso, o WhatsApp recentemente disponibilizou a mesma função para os brasileiros em sua última atualização.

É fato que a tecnologia está modificando nossos valores e nossos comportamentos. Para o bem e para o mal, como tudo na vida. Não existe atividade ou negócio que não esteja em transmutação. Os profissionais especializados na comunicação têm infinitas possibilidades de renovar seus conceitos e suas atividades. É preciso dedicação e esforço na atualização, pois muitas vezes o futuro vem em sinais fracos, mas ele sempre bate a nossa porta. E o transumanismo, principalmente na comunicação, também!

Para ampliar seus conhecimentos sobre o tema, deixo três dicas de leitura e reflexão:

1 – The Verge,  Transhumanism. Mind uploading, cryonics, artificial intelligence, robotics, space exploration, brain and body modifications, and the sci-fi roots of a technofuture. (Trata-se de uma linha do tempo sobre Transumanismo, de 1906 até 2015).

2 –  ForbesTranshumanism And The Future Of Humanity: 7 Ways The World Will Change By 2030. (Elenca pontos positivos do Transumanismo no meio empresarial e empreendedor.)

3 – O estudo  Transhumanism: How humans will think, behave, experience, and perform in the future, and the implications to businesses, produzido pela Frost & Sullivan em 2017.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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