Realidade aumentada: o jornalismo no metaverso

Última atualização: 29 de dezembro de 2021
Tempo de leitura: 4 min

Sempre quando pensamos no futuro imaginamos vários cenários. Não devemos nos preocupar em acertar todas as tendências, mas é importante considerá-las quando planejamos o futuro da nossa carreira, sob pena de dirigirmos olhando pelo espelho retrovisor. Precisamos colocar no radar de médio e longo prazos uma variedade de tecnologias emergentes, turbinada pela grande onda do metaverso. A convergência entre o físico e o digital aumenta e o “figital” já é uma verdade em várias áreas, sempre o digital substituindo ou complementando o físico. A Realidade Aumentada (RA) é uma tendência tecnológica e, apesar de algumas iniciativas, ainda é uma novidade no jornalismo sendo sua implementação em grande escala inevitável. 

O caminho será longo e complexo, pois são várias as razões que dificultam sua popularização, como a falta de especialistas, investimentos limitados e um pequeno número de usuários que possuam dispositivos adequados. No entanto, a onda do metaverso certamente desempenhará um papel importante nesta evolução. Muitas bases e regras estão sendo estabelecidas e as grandes empresas de mídia irão dedicar maior atenção de sua força de trabalho nesta área nos próximos anos.

Alguns já saíram na frente, e várias as empresas de comunicação em todo o mundo estão à procura de profissionais, softwares e equipamentos para aproveitar melhor essa nova oportunidade. Ao enriquecer as publicações jornalísticas com elementos de Realidade Aumentada, sobrepondo elementos gráficos em um ambiente imediato, criarão uma maior interação com o público, desenvolvendo o conteúdo e melhorando a percepção dos mais diversos temas jornalísticos. É possível afirmar que a RA transformará o jornalismo com novas oportunidades para a distribuição de histórias. As notícias serão tangíveis para os leitores de uma forma empolgante e envolvente, e novas demandas publicitárias nos ambientes virtuais poderão ser atendidas.

Já algum tempo, o The New York Times foi criticado quando lançou sua plataforma de Realidade Aumentada porque o primeiro objeto aumentado foi uma velha caixa de vender jornais, daquelas que ainda existem nas cidades americanas. Exemplo claro do casamento de uma nova tecnologia com uma velha mentalidade. Mas, não demorou para o jornal mostrar como a tecnologia pode ser muito mais divertida e informativa, emplacando dois sucessos: o artigo prévio dos Jogos Olímpicos de Inverno, com informações sobre os atletas disponível em ambientes esportivos, e uma matéria sobre a exposição do David Bowie em Nova York com direito a várias versões do Bowie em tamanho real.

O The Wall Street Journal foi ousado e conseguiu melhorar a visualização de algo complexo. Usando recursos de RA construiu uma maneira diferente de mostrar as oscilações das ações da Bolsa de Valores de NY. O grupo do USA Today lançou uma forma de acompanhar e entender a nova corrida espacial. O Washington Post, também usou a RA para cobrir eventos esportivos criando um game onde é possível comparar a velocidade de atletas de diversas modalidades. E esses são apenas alguns exemplos. Muitas novidades surgirão em um espaço curto de tempo.

É importante ressaltar que a Realidade Aumentada é apenas uma das tecnologias. Apesar de similares em muitos aspectos, a tradicional Realidade Virtual (RV) e a Realidade Mista (RM) possuem diferenças importantes, e muitas vezes complementares em suas propostas. Por exemplo, um ambiente de RM vai um passo além da RA, pois os usuários podem interagir com objetos virtuais como se eles fossem parte do mundo real, dispensando a intermediação de uma tela de smartphone ou tablet. A integração ente essas tecnologias imersivas e Inteligência Artificial (IA) transformará exponencialmente as oportunidades na comunicação de uma forma geral. Se conectarmos isso ao movimento do Jornalismo das Coisas (JoT), que analisamos recentemente, e a evolução da capacidade analítica para grandes volumes de informações em tempo real, suportado pela tecnologia 5G, teremos possibilidades que hoje sequer imaginamos. Aos saudosistas e resistentes restará apenas a memória dos tempos atuais como conforto.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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