Conflitos Aflitos

Última atualização: 17 de agosto de 2022
Tempo de leitura: 6 min

Estamos vivendo momentos desafiadores. Realmente não sei quais as conclusões e aprendizados históricos, mas com certeza muitos estudos irão orientar as gerações futuras. Além da adaptação pós pandemia, das fatalidades climáticas, estamos enfrentando como consequência outros conflitos como a guerra entre Ucrânia e Rússia, uma onda inflacionária mundial, acordos internacionais rompidos e incertezas generalizadas. Muitos são os fatores que despertam alertas para questões que abalam a segurança psicológica das pessoas, mas coloco nossa atual estrutura de comunicação no centro de todas as questões.

As discrepâncias culturais, sociais e econômicas ocorrem devido a evolução da dinâmica apresentada na relação entre os indivíduos da nossa sociedade, oriunda do surgimento das novas tecnologias, que presenciamos hoje e sucessivamente ocorrerá, impactando nossos costumes digitais e analógicos. O conceito sobre o novo e o velho torna as relações e decisões, sobre o que é certo ou errado, cada vez mais difícil. Precisamos urgentemente mudar a forma como nos comunicamos, em âmbito pessoal e profissionalmente.

De acordo com uma recente pesquisa realizada com 5.000 executivos de 9 países, nós brasileiros gastamos em média quase 2 horas por semana na solução de conflitos. Estamos em terceiro lugar no ranking das empresas que gastam mais horas de trabalho para conciliação. Muitos conflitos são criados propositadamente para estimular à inovação, a criatividade e promover crescimento. Ou para buscar soluções alternativas, e até mesmo para melhorar a performance individual e de grupo. O que deveria ser positivo se torna um grande problema pois é fácil um conflito se transformar em um confronto.

Brigar, discutir, culpar, ofender, fazer careta e falar com ironia são comportamentos normais em confrontos. Eles normalmente são causados por comunicação com ruídos, falta de confiança e relacionamentos desgastados. Resultado: baixa performance. O pior é que muitas pessoas não conseguem diferenciar conflitos de confrontos. Conflitos podem ser produtivos. O grande desafio é conduzi-los de forma construtiva. Se trabalhamos sem conflitos, provavelmente alguém está deixando de falar alguma coisa. Não podemos incentivar uma cultura repressora. As pessoas não podem ter medo, timidez ou mesmo bloqueios. É importante saber se expressar, se comunicar corretamente e se posicionar.

Mas tudo depende da forma como nos comunicamos. Vivemos atualmente em uma cultura de alta exposição pessoal estimulada pelas redes sociais. Todos descobriram formas de chamar a atenção e deixar suas opiniões registradas sobre qualquer assunto. Onde todos falam ao mesmo tempo, para se fazer ouvir, o recurso natural é aumentar o tom de voz e consequentemente aumentar a agressividade. A preocupação com a opinião do outro quase que desapareceu. Ameaças, desrespeito e xingamentos viraram modelos normais. Por isso vivemos em um mundo polarizado.

Produzimos uma geração autoconfiante em excesso, que não se preocupa em causar incômodo ao próximo. Exercitam um sentimento de superioridade, só enxergando os próprios desejos, com enorme dificuldade de escuta. Usam um tom de voz alto e estilo assertivo. Desqualificam o passado e experiências anteriores. Paradoxalmente defendem a inclusão e a igualdade, mas só criam conexão com aqueles que concordam com as suas ideias. Utilizam a tecnologia para se esconderem atrás de perfis digitais, criando comunidades para se defenderem em bando.

Nós profissionais de comunicação devemos voltar a estimular bons hábitos. Nossas empresas, nossas famílias e nossa sociedade precisam disso. Todos devem defender seus direitos, mas devem também respeitar as diferenças. Valorizar uma escuta ativa. Saber aceitar um “não”. Precisamos aprender a criticar com postura segura, ouvir de forma serena, refletir e negociar quando for o caso. De nada adianta reclamar indiretamente, falando do descontentamento para terceiros. Nunca foi tão importante como nos dias de hoje desenvolver um estilo assertivo na forma de se expressar. Ter uma postura passiva por um tempo determinado pode ser estratégico, a depender do contexto e das pessoas envolvidas. Da mesma forma que ser agressivo em situações emergenciais é necessário. Mas uma relação passiva-agressiva como modelo de vida, não apresenta benefício algum.

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Marcelo Molnar

Sobre o autor

Marcelo Molnar é sócio-diretor da Boxnet. Trabalhou mais de 18 anos no mercado da TI, atuando nas áreas comercial e marketing. Diretor de conteúdo em diversos projetos de transferência de conhecimento na área da publicidade. Consultor Estratégico de Marketing e Comunicação. Coautor do livro "O Segredo de Ebbinghaus". Criador do conceito ICHM (Índice de Conexão Humana das Marcas) para mensuração do valor das marcas a partir de relações emocionais. Sócio Fundador da Todo Ouvidos, empresa especializada em monitoramento e análises nas redes sociais.

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